[Conto] Three leaf clover.

by - novembro 30, 2014

P1 - O início 

P2 - Fotos com amor.



♣Atualmente


Thomas ~

Eu consegui sair do meu quarto, eu sabia o que estava me esperando lá fora mesmo assim era um plano tão arriscado, tinha mesmo ter vindo da cabeça do Lucas, mesmo depois de anos longe a cabeça dele continuava funcionando do mesmo jeito, cheia de estratégias.
Eu entrei no meu escritório para resolver os últimos detalhes da operação.
Sentei na minha cadeira e mal podia acreditar no telefonema que eu tinha recebido duas semanas atrás, era ele ... a voz dele, a mesma que me gritava na janela da infância todos os dias, ele dizia:
_Alô ... Thomas ... sou eu.
Me arrepiei todo.



 ♣2 semanas antes

_Lucas? – Perguntei, claro que era ele, mas eu tinha que ter a confirmação.
_Sim sou eu, nossa se passam 10 anos e você esquece a minha voz com tanta facilidade?
Ele riu, o que me fez rir também.
_Você continua o mesmo. – Falei.
_É ... mais ou menos. – Ele disse com uma mudança no tom de voz.
_Soube do Peter? – Perguntei.
_Sim eu soube e é justamente por isso que eu te liguei.
_Que coincidência. – Eu estava animado. – Eu ia mesmo procurar por você, haviam fotografia suas na máquina dele, você o viu não é? Tem alguma informação que pode nos ajudar?
 _Ele esta comigo Thomas, o Peter esta comigo.
_O que?


♣1 mês antes


Peter ~

Desde que o Lucas foi embora pro a Itália que eu venho treinando fotografia, é tão mágico o jeito como as coisas são, cada detalhe que um fotografo pega não pode ser pescado por uma pessoa comum, eu terminei a faculdade no ano passado e resolvi que iria fotografar na Itália, era um dos países mais lindos do mundo, cheio de história e quem sabe eu não conseguiria encontrar o Lucas por lá.
Meu pai achou que era bobagem, ele detestava o fato de que eu preferia seguir a carreira de fotografo a ser médico igual a ele, mas eu tinha certeza que meu avô me apoiaria se estivesse vivo e o Lucas se estivesse aqui me apoiaria também, como o Thomas fez quando eu fui a casa dele na véspera para contar da viajem ele disse:
_Mas vai sozinho?
_Sim eu vou – Respondi.
_Não tem medo?
_Não tenho mais 10 anos Thomas.
E nós dois riamos como fazíamos sempre que conversávamos.
_Sabe Peter eu já fui diversas vezes para a Itália, mas nunca o vi.
_Eu sei, mas eu estou sentindo algo diferente, aliás, eu tenho visão de fotografo, é diferente da visão de um policial.
Nós então brindamos e ele foi até o aeroporto comigo no dia seguinte, me desejou sorte e eu parti, pela primeira vez na vida estava fazendo algo sozinho, eu ainda sentia no fundo uma necessidade de ser protegido, mas eu precisava crescer já estava com 20 anos e podia tomar conta de mim mesmo.
A primeira semana na Itália foi maravilhosa, mas a partir da segunda a viagem ficou melhor ainda.
Eu estava fotografando em uma praça quando eu a vi, sentada em um dos bancos, era a menina mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida.
Fotografei ela de longe, achei lindo o jeito como ela lia e a atenção que ela dava ao livro mexeu com alguma coisa dentro de mim. Me aproximei devagar fingindo estar tirando fotos das árvores ou das aves, foi então que ela me olhou, justo no momento em que eu estava com a câmera virada pra ela.
_Quer que eu faça uma pose? – Ela me perguntou, em Italiano.
Eu entendia o idioma, mas preferi me fazer de idiota e disse:
_I’m sorry, I don’t understand. (Desculpa, não entendo).
Ela então deixou o livro de lado, levantou e disse também em perguntou:
_Where are you from? (De onde você é?).
_England (Inglaterra) – Eu respondi.
_Eu também – Ela disse em inglês, esbanjando um lindo sorriso nos lábios, não resisti e bati uma foto.
Ela ficou meio zonza por causa do flash, e disse rindo:
_Pode me avisar da próxima vez?
_Desculpa, é que ele é muito bonito.
_Ele? Quem? – Ela olhava pro lados.
_O seu sorriso ... meu nome é Peter - Estiquei as minhas mãos e ela fez o mesmo, apertando a minha mão direita e dizendo:
_Gisele.
Passamos a tarde toda tirando fotos e conversando sobre tudo, eu descobri que ela estava fazendo intercambio, tinha 18 anos e queria cursar medicina, que ironia não é? A medicina outra vez.
Ficamos juntos até às oito da noite e eu a acompanhei até a casa onde ela estava morando.
_É aqui. – Ela disse quando chegamos. – Obrigada pela tarde maravilhosa.
_Eu digo o mesmo, fazia tempo que não me divertia tanto.
Ela sorriu de novo, o que me fazia praticamente derreter todo por dentro feito um bobo.
_Bom, acho que tchau né? – Ela disse enquanto entrava, acenando pra mim.
_É ... – Droga eu queria convidá-la de novo, pra fazer outra coisa, qualquer coisa, aquele não podia ser o primeiro e ultimo encontro, se o Thomas estivesse ali ou o Lucas, o que fariam?
Thomas com certeza a chamaria pra jantar hoje mesmo ou amanhã. Mas o Lucas seria mais direto a beijaria ali mesmo, sem pensar em consequência alguma. Mas eu não era nenhum dos dois, e fiquei ali com cara de bobo até ela se virar e dizer:
_Eu quero ver você de novo, será que pode ser?
_Claro que sim. – Eu peguei meu celular. – Me passa o seu telefone que eu ligo pra você, só tenho que dar uma olhada na minha agenda.
_Certo. – Ela disse voltando pro portão, me passou o telefone e depois de outro sorriso lindo ela entrou.
E naquela noite mesmo eu cheguei no apartamento onde eu estava hospedado, risquei todos os compromissos da minha agenda e liguei pra ela.
Passamos a semana toda juntos, andando pelas ruas de Roma fazendo compras, tomando sorvete, almoçando, jantando, indo a danceterias a noite, e eu registrava cada passo nosso com a minha câmera, o nosso primeiro beijo aconteceu quando fomos ao Coliseu, umas semana depois do primeiro encontro, sim eu era um lerdo.
Estávamos caminhando junto com um grupo de turistas quando comecei a fotografar ao redor
_Nossa, essa é mesmo uma cidade perfeita para namorar. – Eu disse, ela me olhou meio assustada.
_Sério? – Ela perguntou e eu disse que sim com a cabeça.- Por isso me trouxe aqui não é?
Ela finalizou rindo baixo, com certeza estava fazendo uma piada, mas eu respondi que “sim” e ela me olhou. “Sério?” perguntou e eu concordei, me aproximando mais dela e tocando seu rosto com a mão esquerda, percebi quando ela fechou os olhos e fiz o mesmo depois a beijei.
Tomei seus lábios suavemente fazendo pequenos movimentos, massageando cada canto da sua boca, depois passei a penetrar a boca dela com a minha língua, e eu s sentia fazendo o mesmo, nossas línguas se laçavam uma na outra, e o beijo só foi interrompido quando ambos já não tínhamos fôlego pra mais nada.
Eu fiquei segurando o rosto dela por uns instantes, com as nossas testas ainda coladas uma na outra, eu disse:
_Você é linda e eu acho que estou apaixonado.
E quando ela disse:
_Você tirou as palavras da minha boca.
Meu coração parecia que ia explodir.
Tudo estava indo muito bem, eu mandei uma foto minha com a Gisele para o Thomas e ele disse que éramos um casal muito bonito, estava tudo tão perfeito e tão maravilhoso, pensei que nada poderia dar errado, mas estava redondamente enganado.
Eu sai do apartamento pra ir comprar mais filme pra minha máquina.
(Sim, nem pense que eu usava máquina digital, eu amava era a arte da revelação, a arte de ver a fotografia surgir do nada.)
Quando eu vi um homem que não me era estranho sentado no banco da praça falando ao telefone, ‘é ele!’ foi o que veio a minha mente imediatamente e eu tirei fotos e mais fotos de longe mesmo usando somente o zoom da câmera, era ele mesmo o cara que mais me defendeu durante toda a minha infância covarde.
_Lucas!! – Eu gritei, parecendo um louco.
Não dava pra atravessar porque o transito estava horrivelmente perigoso, e eu sou meio mole também, ele então se levantou e entrou dentro em um carro que deveria ser dele, então pensei rápido e chamei um taxi, o segui.
No meio do caminho parecia que ele tinha percebido que eu estava atrás dele porque ele começou a correr desesperadamente. Mas o motorista do Taxi era bom e conseguiu alcançá-lo até uma rua vazia, e estranha. Ele parou o carro e saiu, colocou a mão na cintura e disse com toda a marra do mundo:
_O que é? O que você quer comigo?!
Não parecia mesmo estar com medo, medo era coisa minha, nunca coisa do Lucas.
Então eu sai do Taxi e este foi em bora.
_Eu quero uma foto, só isso, depois eu juro que vou embora.
Ele parecia não acreditar que eu estava ali, demorou uns 15 segundos pra ele abrir o maior sorriso do mundo e vir me abraçar.
_Peter seu esquisito! – Ele disse enquanto me abraçava bem forte. – Não precisava me dar um susto desses moleque.
Ele olhou pra mim “Como você está grande e bonitão eim?” ele disse, e nós dois rimos “Por que me deu um susto desses?” ele concluiu.
_A não tinha como ser de outro jeito e eu não queria perder você de vista.
_Ta certo, tinha que ser você mesmo. – Ele me olhava como se não acreditasse. – Peter.
Do nada então ele mudou a expressão e disse:
_Agente não pode ficar aqui.
_O que? Por que? – eu perguntei.
_É perigoso, melhor agente ir pra minha casa.
Eu não entendi muito bem o porquê daquilo, mas fui com ele pra sua casa que era muito boa por sinal, em uma rua que só tinha casarão e eu fiquei realmente surpreendido.
Me senti bem lá, sentei na sala com ele e ele me ofereceu bebida, aceitei, me ofereceu cigarro mas eu recusei, ficamos conversando durante horas e horas, eu falei pra ele da faculdade, da fotografia, da viajem para a Itália, da Gisele e ele me contou que os avós morreram a cinco anos, ele tem se virado sozinho, quando me perguntou sobre o Thomas e eu disse que ele tinha se tornado policial, o Lucas sorriu, balançou a cabeça e disse:
_É ... esse era mesmo o futuro do Thomas. Que destino esse o nosso.
Ele continuava sorrindo, mas era um sorriso estranho sabe, um sorriso desses que agente da quando não está muito satisfeito com a vida que tem, um sorriso abafado e cheio de arrependimentos.
_Você está bem? – Perguntei.
_Bem como?
_A ... bem de vida, financeiramente, socialmente e profissionalmente.
_A Peter. – Ele disse se levantando, foi até uma estante, pegou um porta retrato e me entregou. – Meu filho. – Ele disse.
Eu segurei aquela fotografia nas mãos e mal pude acreditar, o menino era lindo, tinha os olhos do Lucas e um sorriso angelical, devia ter uns 3 anos naquela foto, mas ele me disse depois que ele tinha 5 agora, e morava com a mãe. Os dois se separaram a 3 anos, mas não me contou o motivo na verdade aquela nossa conversa ficou cheia de furos, algumas coisas que eu perguntava ele não respondia, mudava de assunto simplesmente.
Fiquei na casa dele até as seis da tarde e depois ele insistiu em me deixar no meu apartamento de carro, mas eu disse que podia pegar um taxi, afinal tinha um ponto bem próximo do meu hotel.
Antes eu tivesse aceito aquela carona, se eu imaginasse que no meio do caminho dois carros pretos iriam me cercar, os caras que estavam lá dentro iriam me dopar e eu iria acordar duas horas depois com as mãos amarradas em um quarto escuro.

Continua ...



Autora: Marianna Angelo de Araújo

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1 comments

  1. Ameeei essa historia, o suspense no fim, adorei já vou ler a parte 3! Ótima escritora.

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