[Conto] Meu Insistente Amoroso da Sorte
Quando eu
tinha 9 anos ganhei como presente de natal um gatinho, eu sempre fui uma criança
muito bagunceira e a intenção dos meus pais era a de que eu tivesse uma
distração ou simplesmente começasse a ter responsabilidade com alguma coisa,
juro que no inicio eu não gostei nada da ideia de ter um bichinho, não que eu
não gostasse de animais mas eu realmente não queria ter a responsabilidade de
cuidar de um.
Logo no dia
seguinte eu já acordei com ele deitado no tapete do meu quarto olhei para minha
bonecas e elas estavam completamente bagunçadas, aquilo me deu uma revolta que
na hora eu tratei de coloca-lo para fora, porém mesmo depois de eu ter feito
isso e de ter chamado ele de alguns nomes feios o pobrezinho veio mim enquanto
eu assistia TV e começou a se roçar nos seus pés, no inicio fingi que não vi
mas logo as cócegas que o pelo dele fazia se tornaram impossíveis de não se
notar e eu tive que lhe dar atenção.
‘Então você
quer mesmo ser meu amigo não é?’ – Perguntei, e ele ficou lá me olhando com
carinha de bobo, criei coragem e o peguei no colo, coloquei-o em cima das
minhas pernas e olhei no fundo dos olhos dele.
‘Vai se
chamar Insistente Amoroso’.
Ouvi meu pai
rindo da porta e olhei feio pra ele.
‘O que foi?’
– Perguntei.
‘Esse não é
um nome muito bom para um gato’. – Ele disse.
Dei de
ombros e voltei a atenção para o insistente.
‘O gato é
meu e eu coloco o nome que eu quiser’. – Eu disse, meu pai continuou rindo e
foi para a cozinha, depois eu mesma ri da minha ideia louca, mas com certeza não
havia nome mais legal para ele do que aquele que eu tinha inventado.
Com o passar
do tempo eu ensinei ao insistente a não mexer nas minhas coisas, a onde ele
deveria comer e fazer suas necessidades e ele se tornou um gatinho bem esperto,
quase adicionei um ‘obediente’ no nome dele, mas aí já seria demais imagina só ‘Insistente
Amoroso de Obediente’, rio sozinha quando lembro isso, tenho até registrado em
um caderno, mas enfim.
O Insistente
sempre esteve comigo, eu nunca fui de muita conversa na escola e era difícil para
fazer amigos então era ele o meu melhor amigo, era ele que sempre estava comigo
nas horas tristes e boas, me fazendo sorrir e vez ou outra me fazendo chorar.
Porém um dia
quando eu estava no 9º ano assim que cheguei em casa minha mãe me disse que o
Insistente não tinha aparecido de manhã, gatos tem dessas coisas sabe eles dão
uma sumida de vez em quando e passam por cidade qualquer muro, mesmo eu sabendo
que o Insistente fazia isso as vezes ele sempre voltava.
‘Daqui a
pouco ele aparece para comer’. – Eu disse, e fui tomar o meu banho, o que eu
não imaginava é que ele não apareceria tão rápido assim.
Deram duas,
três, quatro, cinco horas da tarde e nada do Insistente, quando a noite chegou
foi o momento mais desesperador para mim.
‘Ele nunca
saiu a noite, ele não sabe andar na rua a noite’. – Eu repetia entre lágrimas
enquanto minha mãe tentava me consolar meu pai foi pra rua procura-lo, mas nada
de ele aparecer e aquela foi a primeira vez em anos que eu fui dormir sem ouvir
o miado do Insistente.
Acordei um
caco no dia seguinte, era final de semana então eu tracei algumas metas, iria
encontrar o Insistente nem que tivesse que ficar fora de casa o dia todo,
imprimi fotos e mais fotos dele e saí distribuindo para as pessoas na rua,
colei nos postes e ofereci uma recompensa razoável sem meu pai saber, mas acho
que ele não ligaria, afinal era o Insistente todos amavam ele.
Anoiteceu
novamente e nada de ele aparecer, não consegui jantar, não consegui lanchar e
mal dormi foi uma noite terrível. No domingo minha mãe me chamou pra sair com
ela, com certeza na tentativa de me animar um pouco e fomos há casa de uma de
suas amigas, o assunto estava tão chato que eu pedi se podia dar uma volta e
elas concordaram.
Andei pela
calçada muito triste pensando em todas as dificuldades que o Insistente poderia
estar tendo e nesse momento veio a minha mente que talvez ele não estivesse
mais vivo, então eu parei escondi meu rosto em minhas mãos e comecei a chorar,
fiquei parada chorando no meio da calçada quando ouvi alguém falar comigo:
‘Menina?’
Assim que virei
pra trás esfregando meu rosto para limpar as lágrimas notei que era um menino
mais alto que eu e loiro tinha um estilo um pouco rockeiro e os olhos bonitos.
‘Você estava
chorando?’ – Ele perguntou.
Eu neguei
com a cabeça e rapidamente comecei a me explicar:
‘Não, é que
caiu um cisco e eu estou gripada e...’
Parei quando
ouvi um miado familiar, meus olhos se direcionaram ao colo dele onde estava um
ser que eu conhecia muito bem.
‘Insistente!!!’
– Exclamei, e rapidamente ele pulou no meu colo, não aguentei e comecei a
chorar de novo, abracei ele com todas as forças enquanto ele miava no meu colo,
com certeza estava morrendo de saudade.
‘Então esse
mocinho é seu?’ – O menino perguntou.
‘Sim ... meu
Insistente que eu amo muito’.
‘Seu o que?’
– Senti que ele perguntou em tom de riso.
‘Insistente,
é o nome dele’. – Eu disse o olhando. – ‘Como você o encontrou?’ – Perguntei curiosa.
‘Eu estava
voltando do ensaio da minha banda e esse amiguinho estava perdido na praça,
fiquei com peninha e o levei embora comigo’. – Ele disse enquanto acariciava o
meu gatinho. – ‘Ainda bem que ele tem uma dona muito linda que se preocupa com
ele’.
Corei na
hora, ele disse ‘muito linda’? Sorri sem graça e agradeci mais uma vez.
‘Muito
obrigada mesmo’.
‘Não precisa
agradecer, mas eu vou sentir um pouco a falta dele, o Insistente é muito amoroso’.
Sorri orgulhosa
do meu gatinho e disse:
‘Pode ir
visita-lo sempre que quiser’.
‘Mesmo? E a
dona dele irá me passar o endereço e o telefone dela?’ – O menino sorriu.
Eu ri e
concordei com a cabeça, minha mãe sempre me ensinou a não falar com estranhos,
mas se meu Insistente gostava de uma pessoa então aquela pessoa não poderia ser
ruim, logo depois descobri que o tal menino de chamava André e no dia seguinte
lá estava ele na minha casa com ração e alguns brinquedinhos para o Insistente,
enquanto meu gatinho brincava nós conversamos um pouco, ele estudava na mesma
escola que eu e estava um ano na minha frente, era muito divertido gostava de
música, arte e cinema, nossas conversas se tornaram diárias até que começamos a
sair, hoje o Insistente não vive sem nós dois, nunca mais fugiu de casa e a
partir daquele dia eu adicionei mais um nome a ele.
Passou a se
chamar Insistente Amorosos da Sorte, afinal foi graças a ele que eu tinha
conhecido o André e com certeza essa foi uma das maiores sortes que eu tive na
minha vida.
Autora: Marianna Angelo de Araújo

4 comments
aaaaaaaaaaaaaaaaa q lindoo! Adorei essa história
ResponderExcluirObrigada Hellen lindhaaaaa <3<3<3<3
ResponderExcluirÓtima historia *-*tadinha da menina deve ser horrível perder o animalzinho :'(sorte que achou ^-^
ResponderExcluirQue fofinha essa historia. Adorei o nome Insistente Amoroso da Sorte *-* kkk
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