[Conto] Meus irmãos feiticeiros - Meus 15 anos.

by - abril 10, 2015


Meus 15 anos - P2

Assim que cheguei em casa fui falar com os meninos, abri a porta do quarto do Dani e lá estavam os dois arrumando as roupinhas igual aduas menininhas.
_Vocês sabiam não é? – Perguntei enquanto cruzava os braços. – Durante todo esse tempo aquelas aulas de valsa, os cochichos e segredinhos, os dois aqui estavam por dentro de tudo não é, e mais se sabiam mesmo de tudo por que me deixaram faltar as aulas? Eim, eim, eim? – Eu estava bem nervosa.
_Ué. – Maikon disse. – A gente meio que... é... – Olhou para o Dani, ele sempre fazia isso quando não tinha resposta pra me dar.
_Deixamos você faltar porque ... – Daniel disse. – Por que somos ruins, por isso.
Os dois riram e bateram suas mãos, eu fiquei horrorizada e taquei um travesseiro neles.
_Vocês dois são uns malas, eu vou acabar pagando mico na frente de todo mundo, e pior ainda eu vou pagar o MAIOR mico na frente do Paulo.
_Eu tenho a solução para isso. – Maikon disse enquanto ainda ria.
_Diga. – Falei enquanto cruzava os braços e sentava na cama do Dani chateada.
_Quando chegar o momento de dançar é só você fingir que está passando mal e então PLUFT.
-PLUFT? – Perguntei.
_Desmaia. – Ele disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
_Ai! – Eu exclamei enquanto passava a mão no rosto. – Você não está entendendo nada mesmo não é?  Eu PRECISO dançar com o Paulo, ele vai ser o meu príncipe e essa é a CHANCE da minha vida!!!

_Ok, para se não eu vou vomitar. – Dani disse enquanto colocava a mão na barriga. – Alice escuta, primeiro para com essa história de príncipe que ta enjoando.
_Não é história, é a mais pura verdade.
_Bom então tá, que seja. – Daniel virou os olhos. – Eu sou feiticeiro se esqueceu, eu sei que não podemos usar a magia para qualquer coisa mas dessa vez é quase uma emergência não é?
Enquanto ele falava meu coração ia se enchendo de esperança, eu tinha me esquecido completamente desse detalhe.
_Eu vou dar um jeito para você. – Ele disse e sorriu de uma forma linda me passando toda confiança do mundo.
Eu praticamente me joguei em cima dele sorrindo de canto a canto, pela primeira vez na vida a magia deles iria me ajudar!
_Quero ver se da errado. – Maikon disse, olhei pra ele de forma fuziladora.
_Deixa de ser pessimista Maikon. – Eu disse.
_Só acho que está fazendo drama demais. – Maikon deu de ombros e se não fosse o Dani colocando a mão no meu ombro e me dizendo para sentir calma eu teria pulado com tudo em cima dele. – Para quem não queria festa.
Mostrei minha língua para ele e dei um beijo no rosto do Dani.
_Pois é, agora eu quero. – Disse decidida. – E nem você vai me deixar chateada no dia de hoje Maik, nem você.
Saí do quarto assim que disse isso, bati a porta com força, se eu estava calma? É claro que não, mas não daria o gostinho do Maik me ver chateada.
Assim que cheguei ao meu quarto deitei e sorri sozinha, fiquei pensando em tudo que iria acontecer e algo doeu dentro da minha barriga, dançar com o Paulo, no dia do meu aniversário, eu nunca pensei que algo assim poderia acontecer.
_Alice!!!! – Era a voz da Marina, minha melhor amiga, ela entrou em meu quarto junto com minha madrinha.
_O que foi? – Perguntei enquanto levantava um pouco assustada.
_Olha só isso. – Marina disse apontando para o vestido que minha madrinha segurava, ele era tão ... rosa. – É o vestido mais lindo que já vi, ele é tão... Tão... Tão...
_Eu vou parecer um bolo com isso. – Eu disse enquanto fazia uma caretinha.
E eu fiquei realmente parecendo um bolo, um bolo todo confeitado, cheio de glacê.
_Mais do que perfeita!!!! – Minha madrinha disse assim que terminou de me arrumar. – Esse momento merece uma foto!
_Ah não, nada de foto, eu prefiro não me ver dentro desse vestido nunca mais na minha vida.
_Ai minha filha que baixo astral é esse. – Minha mãe disse, me olhando com cara de cachorrinho triste, nem esperou eu terminar de me ajeitar e logo pegou a câmera apontando pra mim. – Diga meus 15 anos.
_Meus 15 anos. – Falei desanimada.
A coisa toda de dançar com o Paulo era magnífica, mas aquele vestido, aiiiii... Aquele vestido era demais, eu me sentia completamente deslocada dentro dele.
A Marina tirou mais algumas fotos comigo e minha mãe insistiu em outras poses, eu fiz mais para agradá-la mesmo, afinal eu sabia que ela era a mais feliz naquela história toda.
_Com licença. – Ouvi aquela voz e não acreditei que ela estava ali, entrando no meu quarto “meio sem jeito” (provavelmente fingindo) aquela loira azeda aguada, Júlia Catelino, ecaaaaa! O que ela estava fazendo ali?
_O que está fazendo aqui sua bruxa? – Perguntei olhando pra ela, não tinha sido uma ofensa se olharmos pelo lado de que ela também é uma feiticeira.
_Bruxa não queridinha. – Ela disse enquanto cumprimentava minha mãe. – F-E-I-T-I-C-E-I-R-A.
_Feiticeira? – A Mariana perguntou, olhando assustada para a minha mãe, é que a minha amiga não sabe de nada sobre minha família “super” normal.
_Ah... – Mamãe disse. – É só a forma como elas se tratam Mari, sabe como essas duas se dão bem. – Tão irônica essa mãe minha, e Alice minha filha não trate a Júlia assim.
_Mas mãe ela sempre começa, por que chamou essa menina?
_Por que eu sou namorada do seu irmão. – Júlia perguntou, era tão desagradável que nem minha mãe sabia lidar com ela.
_Namorada uma ova EX-NAMORADA queridinha. – Eu disse sentindo o sangue esquentar.
_Isso aí Alice. – Marina disse, mas essa minha amiga não sabe mesmo ficar quieta, parece até eu.
_Chega meninas! – Mamãe falou. – Alice Júlia foi convidada e você pelo menos hoje trate-a bem, certo?
_Não tem problema Clarisse, eu estou acostumada com o carinho da Alice comigo. – Como podia ser tão falsa essa menina?
Ignorei, se não ia acabar voando em cima dela e arranhando toda aquela máscara que ela usava para fingir que era bonita.
Mesmo tendo dito que foi ali para ver como eu estava bonita eu tinha certeza que na verdade ela queria me estressar, não perderia a oportunidade, quando consegui finalmente que ela saísse Daniel acabou aparecendo na porta e ela se jogou toda em cima dele.
_Chuchuuuu!!! – Ecaaaa mil vezes ecaaaa essa forma como ela chamava o Dani.
_Mas não tem amor próprio mesmo. – Marina cochichou no meu ouvido, eu achei graça, mas não ri, queria ver qual seria a reação do Daniel.
_Ah... Desculpa atrapalhar. – Ele disse enquanto segurava os braços dela e o afastando dele. – Só vim ver se estavam prontas, por que o papai já está querendo ir par ao clube, o pessoal já chegou.
Ele percebeu que eu estava rindo, porque SIM nesse momento eu não tive como me segurar, ele saiu rapidinho dali enquanto a Júlia saiu atrás dele, bem típico, aquela menina não se tocava, não sabia o que significava ACABOU!
_Bom meninas já já chegará a hora de descer, vou lá em baixo e já volto. – Mamãe disse, e enquanto esperávamos sentei novamente na minha cama, queria nem saber se o vestido ia amassar ou não.
_Queria entender o que o Daniel viu naquela garota. – Marina disse.
_Ele não viu nada e por isso mesmo terminou. – Dei de ombros e ela concordou. – Mari, não quer me ajudar a tirar um pouco dessa maqueiagem?
_Mas Alice... – Ela disse. – Sua mãe não vai gostar disso.
_Mas é o meu aniversário e eu estou me sentindo a Júlia com tantos quilos de maquiagem no rosto.
_Está bem. – Ela se rendeu. – Vamos suavizar só um pouquinho certo?
_Certo. – Concordei.
Eu tinha sorte por ter uma amiga que gostava tanto de maquiagem por que ela entendia que menos é menos e ponto final.
Do carro mesmo eu percebi que minha mãe tina convidado meio mundo, coisa que obviamente não me agradou nadinha, respirei fundo e fique esperando enquanto eles decidiam como ia ser minha entrada.
_Vou buscá-los. – Papai disse, certamente estava se referindo aos meus irmãos por que logo ele voltou com os dois.
_Vamos entrar todos juntos. – Mamãe explicou para eles. – Eu e seu pai iremos ficar com os nossos amigos e familiares e vocês dois ficarão descerão com ela e levarão a Alice até o Paulo, do jeito que ensaiamos ontem.
_Ah que legal, vocês ensaiaram. – Eu disse.
_Alice você só precisa entrar em silêncio com um belo sorriso nos lábios hm.
Concordei e assim que as luzes se apagaram mamãe saiu toda afobada na frente puxando o papai pelas mãos.
_Como ela está nervosa. – Maik disse.
_Isso por que é o aniversário de 15 anos, imagina quando a Alice for se casar. – Daniel completou.
_SE ela se casar não é. – Daniel disse e os dois riram.
_Seus infantis. – Eu disse enquanto mantinha a face apática.
Uma melodia fofinha começou a tocar e lentamente fomos descendo degrau por degrau, senti minha barriga doer, com certeza era nervoso. Mesmo com esse meu jeito durona eu era tímida, por isso que a ideia de ter uma festa me fazia tão mal.
Assim que chegamos aos pés da escadaria avistei o Paulo, nossa como ele estava LINDO! Sorriu de forma graciosa e caminhou até nós.
_Você está com a varinha? – Ouvi o Maik perguntando para o Dani.
_Sim. – Daniel respondeu. – Para quem estava contra o plano você está bem preocupado não acha?
O Dani disse e nessa hora eu ri, olhei pro Maik e ele tinha ficado vermelho, ele sempre ficava assim quando estava sem graça.
A melodia de uma música que eu gosto muito começou a tocar, nesse momento fiquei muito feliz, era a minha preferida e quando as mãos do Paulo me tocaram senti meu coração acelerar, todos estavam olhando pra mim, eu era o centro das atenções o que não me deixava nada a vontade.
Meu pai estava com os olhos cheios d’água, e a mamãe sorria largo.
Olhei mais uma vez para o Dani e ele fez um sinal indicando que estava com a varinha, ele piscou pra mim e eu sorri confiante, parei no centro com o Paulo e olhei dentro dos olhos lindos que ele tinha, estava com medo mas de repente meus pés começaram a se movimentar sozinhos, de acordo com o ritmo da música.
_Nossa. – Paulo disse enquanto dançávamos.
_O que foi? – Perguntei um pouco preocupada.
_Você manda muito bem com valsa, to até com vergonha.
Ri e olhei para a direção em que o Dani estava antes, mas ele tinha desaparecido, mordi os lábios preocupada para o Mike mas ele estava mais entretido com uma menina bonitinha que estava ao lado dele do que na minha valsa, voltei a olhar para o Paulo, meus pés se moviam sozinhos então com certeza o Dani estava fazendo magia em algum lugar.
_Já fui príncipe 12 vezes. – Paulo disse e eu voltei a olhar pra ele.
_Mesmo? – Perguntei.
_É claro, com toda minha beleza as meninas ficam loucas para me terem  em suas festas, e eu também sou o queridinho das mães.
_Ah... É claro... – Eu ri por dentro, que papo era aquele de ‘toda minha beleza?’, que frase mais idiota.
_Por que nunca falou comigo na escola já que me queria como príncipe? – Ele perguntou. – Eu nem sabia que a Clarisse era sua mãe.
_Pois é, eu sou do tipo invisível.
Ele riu, no meio da valsa e eu fiquei super sem graça.
Estava tudo indo muito bem quando de repente meus pés começaram a ficar meio tortos, arregalei os olhos e sem querer pisei no pé dele.
_Desculpe. – Eu disse.
_Acontece... – Ele riu. – Menos comigo então não se preocupe, seus pés vão sair daqui intactos.
MAS O QUE? Sorri sem graça.
Ele nem teve tempo de dizer mais nada, de repente meus pés ficaram loucos e eu comecei a sambar loucamente pelo salão, o Paulo muito sem graça me seguiu para parecer que estava tudo combinado e enquanto dávamos voltas e voltas parecendo dois bonecos doidos.
Algumas pessoas começaram a rir e eu vi que minha mãe estava começando a ficar desesperada, de repente eu voltei ao normal e sem querer ainda fiz uns passos de dança bem legais, a música ficou animada e tudo começou a se encaixar.
Quando terminou eu estava exausta, mas não dei o braço a torcer, muito pelo contrário sorri como nunca havia sorrido antes e fui cumprimentar meus parentes.
_Está tudo bem, todos adoraram. – Minha mãe disse, estava visivelmente nervosa, mas pelos comentários dos meus parentes acho que eles gostaram mesmo, minha avó disse que foi inovador e que os jovens de hoje em dia é que sabem fazer apresentações legais.
_Mudei a música na hora certa. – Papai falou.
_Você foi demais. – Eu disse enquanto abraçava ele.
Assim que vi o Dani fechei a cara e fui até ele.
_O que aconteceu? – Perguntei muito chateada. – Por que fez aquilo?
_Mas eu não fiz nada. – Ele disse. – Juro que no início só estava tentando ajudar, mas foi como se outra pessoa também estivesse fazendo magia então houve um choque mágico, você sabe o que é isso não é?
_Claro que sei. – Eu disse. – É quando dois magos usam magia para um mesmo propósito e ela acaba dando errado.
_Exato! Você não pode estar achando que eu queria te prejudicar.
Concordei, é claro que o Dani nunca faria isso, e isso serviu um pouco para que eu visse que o Paulo é meio estranho e narcisista, enquanto observava as pessoas que estavam na minha festa parei na Júlia, ela ria descaradamente e me olhava com uma cara de deboche que me fez o sangue subir, sem nem pensar duas vezes eu fui em direção a ela, mas meus pés me traíram outra vez, eles viraram e eu caí de cara no chão.
Vestido, penteado e minha dignidade foram a baixo por causa daquela garota minha mãe correu para me levantar.
_Minha filha, está bem?
_Mas é claro que não. – Eu disse já sem paciência, então corri para o camarim, era um lugar onde as meninas retocavam a maquiagem, ainda bem que não tinha ninguém lá por que se não teriam me visto chorar, de raiva.

CONTINUA...

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